LIBERDADE -MD e a sua ação na TV pública na Revolução de 25A - Mário Dionísio/Eduarda Dionísio - Passageiro clandestino IV/Notas I e II

 

MÁRIO DIONÍSIO

PASSAGEIRO CLANDESTINO IV

capa Passageiro Clandestino IV 

4º volume do diário inédito de Mário Dionísio (1974-1980)

com apontamentos de viagens de 1976 e 1978
Com introdução de Eduarda Dionísio e índice de nomes e assuntos.

 

264 pp

 

Col. Mário Dionísio 14

Edição Casa da Achada – Centro Mário Dionísio

Abril 2023

[Entre Palavras e Cores] Centro Mário Dionísio (centromariodionisio.org)

MD foi diretor de programas da RTP em 1975 por um curto período (29/12 a 5/04). De Dezembro de 1975 a abril de 1976.
Ler a sua história sobre essa sua função, escrita pela filha ED (NOTAS I ao longo de várias páginas, com transcrições do próprio) é inevitável comparar o seu pensamento com o que se passa hoje.
  
O seu entendimento sobre o papel de uma TV pública: "Num regime democrático, o seu papel (o da informação)  é informar em plena liberdade e seguir uma orientação programática que esclareça a população e nela desperte e cultive o espírito crítico, visando torná-la participante consciente no seu próprio destino". Depoimento de MD «discutir é um direito democrático» no Livro «Os anos do século: poder político e comunicação social» coordenado por José Carlos Serras Gago (Nota 259 do NOTASI a p.291 a 298)

"A cultura, como fator determinante nada lá tem a fazer". Escreve no seu diário (Passageiro Clandestino IV) no dia 23 de março de 1976 poucos dias antes de se demitir. E porquê? 
Porque alguns elementos da CA, nomeadamente o seu presidente (era o major Pedroso Marques)  interferiam na programação e chegaram ao ponto de não deixar ir para o ar um ou mais programas. A censura não saía das suas cabeças como ferramenta de decisão e poder. Mas também porque (ponto prévio à reunião de diretoria de 18 de março) sentia não ter condição para: "transformação da RTP num órgão de cultura ao serviço da democratização da sociedade portuguesa, o que implica: (nota 270 de NOTAS i a p. 322 e seguintes) - e descreve em seguida as suas condições para continuar como Diretor de Programas.
Numa das suas criticas de TV no O Jornal (eram muito lidas na época) Correia da Fonseca (a par de Mário Castrim, sem dúvida o mais lido e comentado) escreveria a rematar a demissão de MD: «durante 3 ou 4 meses, coube à TV portuguesa (sá havia a RTP) uma sorte que a poucas outras terá acontecido: à frente da sua direção de programas esteve um grande nome das Letras e das Artes. ...Significa isto que Portugal conseguia esta coisa rara: o homem adequado para uma função fundamental num tempo histórico em que tudo se vai decidir». (p.353 de NOTASI de ED)

Muitos anos depois a nossa RTP afastou-se largamente daquele desígnio que MD procurava. Como reagiria ele ao ver o rol de comentadores e comentadeiras que hoje (outubro 2023) por ali pululam e que sabem tudo de tudo e mais alguma coisa. Durante a pandemia da covid19 abriram excepções ao convidar alguns cientistas de dados e de especialidade mas, passada esta, voltou o novo normal: os «achistas» cresceram e falam ainda mais sobre tudo e sobre nada.
LIBERDADE? sim, o direito à asneira e até à mentira (chega-se ao ponto de ler em direto notícias falsas e distorcidas, sem cuidar sequer de as desmentir) é o que está a dar nos nossos OCS, neste mirifico  ano de 2023. Agora predominantemente privados, porque a Liberdade seria melhor assegurada por eles, fizeram-nos crer....pois, mas era uma mentira bem pegada. E agora não há como voltar atrás.
Eu, por mim, chamava o espírito de MD e dava-lhe os meios e recursos que ele pedira para voltar a ter a tal programação que ele pensara. Claro que uma delas era o direito a "dispensar" os tais sábios de 1/2 tigela. Mas, isso é impossível, então e as audiências?
AH, e já agora, sabem quem é que o major presidente já convidara para susbstituir MD como Diretor de programação. O muito reonhecido Carlos Cruz. Sim, esse mesmo.
  
 

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