Por que a Aprendizagem ao Longo da Vida (ALV) é a resposta? revista Pessoas Nº 1-mar/abr2019



NOTA: na transição da Revista Pessoal (da Tema Central) para a Pessoas (da ECO) integrei o seu Conselho redatorial durante seis números e saí a meu pedido, no limite porque já não fazia parte dos corpos diretivos da APG.
 
 A propósito do recente relatório da OECD Skills Outlook 2019

THRIVING IN A DIGITAL WORLD (09 de maio) oportunidade para voltar à ALV.
Há alguma controvérsia e até relutancia nalguns setores, geralmente académico e político, em aceitar o conceito. No entanto, nós (EUropa) temos uma longa tradição sobre o seu valor aplicado. Abrimos com alguma justificação: - o conceito ALV surgiu nos documentos de política da União Europeia nos anos 90. No entanto, não era novo na literatura internacional (UNESCO, OECD, Council of Europe). Apontam-se como de especial relevância, as duas publicações da  UNESCO, Learning to Be (1972), and Learning: The Treasure Within (1996, 2013). Eles têm influenciado na promoção de uma visão integrada e humanista da educação, enquadrada pelo paradigma da ALV e pelos quatro pilares da aprendizagem: - ser, saber, fazer e viver juntos.
O paradigma da ALV, introduzido
por Learning to Be (1972), está relacionado com o princípio da igualdade de oportunidades na perspetiva da democratização das oportunidades de E&F. Em Learning: The Treasure Within (1996) a ALV é entendida como "um “continuum” de aprendizagem que se expandiu para a sociedade como um todo, aberta no tempo e no espaço, e que se torna uma dimensão da própria vida".

No White Paper (04janeiro2017) @WEF (World Economic Forum) - Realizing Human Potential in the Fourth Industrial Revolution  - An Agenda for Leaders to Shape the Future of Education, Gender and Work pode ler-se:

 

“Uma nova abordagem sobre aprendizagem ao longo da vida em quase todas as indústrias, as mudanças tecnológicas e sociodemográficas estão a encurtar a vida útil dos conjuntos de competências dos trabalhadores. Independentemente das suas competências actuais, os trabalhadores terão de reavaliar as suas competências dinamicamente ao longo da sua vida profissional”. (p.9-Transforming Education Ecosystems)

 

Nos últimos anos, o enfoque da UE na ALV enfatiza a empregabilidade, o desenvolvimento (vocacional) e (mais) competências  para a mobilidade no trabalho. Esta perspetiva está claramente articulada nas conclusões do Conselho Europeu sobre o papel da E&F na execução da Estratégia Europa 2020 (2011 /C 70/01), publicadas em março de 2011. O esforço das inúmeras organizações europeias dedicadas ao setor tem sido enorme para alcançar resultados. Mas eles são agora evidentes e não há publicação, em especial económica, que nestes anos recentes não a integre e considere. Os sistemas de aprendizagem ao longo da vida incluem todas as etapas da educação e da aprendizagem, “do berço até ao esquife”, dentro do sistema de educação formal e fora dele (OCDE, 2001 [1]).OECD (2001), Education Policy Analysis 2001, OECD Publishing, Paris,

https://doi.org/10.1787/epa-2001-en

Mesmo Portugal tem já uma estratégia (e um Plano), se bem que para a Educação de Adultos, vertente curta e redutora da visão sistémica que é preciso criar.  O que se passa na Formação Profissional e Vocacional é um “triste fado!”
Agora atenção! Quando observamos, quase simultaneamente, que o Financial Times
 (Life-long learning will be crucial in the AI era, January 17, 2017 by:Vishal Sikka) e o The Economist (Lifelong learning is Becoming an Economic imperative, Jan 14th 2017, by Andrew Palmer) publicam com destaque sobre a ALV devemos prestar atenção e ficar alerta!

Ou que na página 109 do Relatório governamental da estratégia de Singapura: “Singapura para permanecer no topo da economia global: Aprendizagem ao Longo da Vida! - ….devemos ir além da busca das melhores qualificações académicas no início da vida, para buscar conhecimento, experiência e habilidades ao longo da vida", afirma-se neste report.(released on Thursday Feb 9 p.p.).  do Committee on the Future Economy (CFE).
Claramente! Não se trata de competências e / ou qualificações que faltam na zona da UE (ainda longe do objectivo de ter 15% da força de trabalho envolvida na formação até 2020). E então Portugal ainda por sair dos 10% (2017). O que falta é a evidência de uma Visão para a ALV na EU. A Europa deve (re) assumir a liderança da digitação em E&F com foco nos desenvolvimentos da Indústria 4.0. Muitos devotam a esperança que os próximos decisores passem das palavras aos atos, i.e, que se deixem de florear discursos com amor à E&F e, na prática, deixando decrescer os orçamentos de cada País nestas áreas que, dizem eles, são a prioridade das prioridades. Nós sentimos que não são!

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Etelberto Costa, maio 2019

membro do conselho editorial da Revista Pessoas

etelbertocosta

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