“Oportunidade perdida para mudar a Formação, ou talvez não!”;//outubro2020//aprender magazine
Aprender Magazine de outubro já está disponível Etelberto Costa faz-nos chegar uma reflexão sobre “Oportunidade perdida para mudar a Formação, ou talvez não!”;
Proclamaram os líderes europeus: “An inclusive digital and green transition, with people at
the heart (26 agosto)”. E fomos ler (para crer e
por muito querer porfiando).
Não é surpreendente perceber que os cortes aceites
afetam principalmente a Posição 7 do orçamento, “Investindo em Pessoas, Coesão Social e Valores”: isso, por
si só, diz muito sobre as prioridades do recente Conselho Europeu. Agora ainda vai o PE estrebuchar, mas
pouco, sobre o próximo Orçamento da UE de sete anos
e o Fundo de Recuperação (Next Generation UE).
As reações da sociedade civil representadas em Bruxelas pelos seus lobbys (Portugal continua ausente e queixamo-nos continuadamente que a nossa sociedade
civil é fraca!) não se fizeram esperar e contra-atacaram.
É que, vamos uma vez mais explicitar, os diversos documentos que apoiam as decisões do Conselho Europeu e da Comissão focam sempre que a visão para a
Europa são os programas de transição digital e da economia verde. Ora, estejam comigo quando não se concretiza a ambição de valorização da E&F, da Cultura, da
Inovação. Focamos nos primeiros. Os programas que
as consagram existem (com as suas versões adaptadas
pelo Governo português que as anuncia sucessivamente, sem a vertente de sustentação financeira): The
Digital Education Action Plan, the strategic framework
for European cooperation in education and training (ET
2020), and the European Education Area, e ainda muito foi recentemente confirmada mais uma Recomendação do CE sobre: “Vocational education and training
(VET) for sustainable competitiveness, social fairness
and resilience.”
E a ALV está em todas...
É realmente o caso, quando se lê qualquer documento
europeu e mesmo nacional (embora se vagueie entre
formação, umas vezes, educação de adultos, noutras) é redundante a alusão e prioridade a dar à ALV. Conceito, que como é conhecido, não está estabilizado na Europa e que, para mim, é: aprendizagem pessoal “desde
o berço até ao ataúde”.
Transcrevo para ser mais assertivo: “A recuperação económica da crise da COVID-19 oferece uma oportunidade para acelerar as reformas no VET e fortalecer a sua resiliência, nomeadamente pela digitalização de ofertas
e métodos de aprendizagem e adaptação ágil às mudanças nas necessidades do mercado de trabalho”.
A CE lançou a 1 de julho a agenda europeia revista sobre Competências, num esforço conjunto da DG EACe da DG EMPL (ausente a DG Connect! e outras) com
objetivos ambiciosos para que o setor de E&F. Ressalvo a alusão à valorização de Microcredenciais (o sistema proposto visa desenvolver padrões de qualidade e
garantir que todas as experiências de aprendizagem
sejam devidamente valorizadas. É imprescindível que
a implementação destas credenciais seja feita com
cuidado para evitar o risco de comercialização e privatização da Educação: - uma tendência preocupante e
crescente em todo o mundo).
A APDSI, em Portugal, acaba de editar o seu estudo
“Competências/ Qualificações: Mapeamento das necessidades de competências na área das TICE visando
o ajuste da oferta formativa”. Esforços e projetos existem,
continuam desgarrados e sem uma visão sistémica.
A Plataforma Europeia de Aprendizagem ao Longo
da Vida (EU LLL platform), a propósito, editou o apelo “strenghten an holistic vision” “...a visão holística de
uma tal Agenda Europeia não pode ser alcançada sem
coerência política desde a educação infantil até a educação de adultos e sem mecanismos para a fertilização entre setores”.
Recentemente citei Brandon Busteed na n@FORBES,
Feb 17, 2020, The Really Good And Really Bad News On
Lifelong Learning e retomo: “A boa notícia é que essas
duras verdades podem não importar mais, simplesmente porque a aprendizagem ao longo da vida será
impulsionada sobre nós como um fundamento da vida
quotidiana”.
Notem bem, o escrito é antes da crise pandémica. Há
pessoas que veem o futuro!
O papel da E&F na transição digital
A consulta pública para o Plano de Ação Europeu para
a Educação Digital (#DigitalEducation) fechou recentemente. Em Portugal, o Governo aprovou, na Resolução
do Conselho de Ministros n.º 30/2020, o Plano de Ação
para a Transição Digital (21 de abril) de que relevo para
o setor:
a) Pilar I: Capacitação e inclusão digital das pessoas; e
as seguintes:
Medida 1: Programa de Digitalização para as Escolas;
Medida 2: Programa de formação intensiva e especializada na área digital de 3.000 profissionais – UpSkill, já
em andamento;
Medida 3: Programa de Inclusão Digital de 1 milhão de
adultos;
Medida 4: Tarifa social de acesso a serviços de Internet.
Há muito para dizer, mas escolho isto: este Plano de
ação não pode esquecer a aprendizagem não-formal.
Porque é ela que mais importa no desenvolvimento
pessoal e profissional, na tal ALV. Aquela que se faz com
iniciativas nas organizações em geral e nas empresas
em particular e que não tem reconhecimento nem certificação válida. E é esta que mais importa (bom, talvez
não, pois não esqueço a aprendizagem informal, aquela
que nos faz aprender diariamente, com os nossos pares,
com as nossas chefias, com os programas e recursos digitais). Assim: pugnar por uma grande volta na designada dupla certificação e no quadro nacional de formação modular e também no sistema de certificação/
acreditação de entidades formadoras é mais do que urgente. Haja inspiração na ambição para o fazer!
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