22abril2015 - ENSINAR E APRENDER NUMA SOCIEDADE REVOLUCIONADA PELA WEB -
tendências europeias na Europa dos 28. formação e as grandes tendências de futuro das mesmas.
O
debate sobre o aproveitamento do potencial das TIC na educação e formação
tornou-se mais e mais vivo. Inverteu-se a tendência dos que a desacreditam
pelos adeptos e seguidores. Neste artigo vamos mostrar como se passou e o que
se vai passar, tendencialmente.
Em 2013 Uma nova Comunicação da Comissão Europeia sobre " Open Up
Education" foi tornada pública, ecoando os compromissos assumidos na
Agenda Digital. Após o lançamento do portal OPEN EDUCATION EUROPA, muitas ações estão em curso para concretizar as
recomendações da UE no domínio da aprendizagem digital.
“Cabe agora
aos Estados-Membros mostrar vontade política e retransmitir o impulso europeu
através de políticas nacionais genuínas em sintonia com a modernização dos
nossos sistemas de educação e formação.” escreveu a Comissão.
A evolução está a acontecer e determina
uma revolução nas formas de se aprender e ensinar. Isto, parece hoje claro para
todos Nós. Mas, quais são os cenários
de aprendizagem no Futuro? Ninguém o saberá, mas se encontrarmos repostas para
as seguintes perguntas, vamos concerteza estar a construí-lo:
- Quais são as competências críticas
num mundo da Web 2.0? Quem são os alunos/formandos/aprendentes da web 2.0? Como capacitá-los a tirar o
máximo partido da sua rede de aprendizagem? Que novos papéis são
interpretados pelos atores de aprendizagem? Como reconhecer e validar a
aprendizagem informal? E como creditá-la? Como reduzir as lacunas de
competências de literacia e em especial da literacia social. E das
competências digitais que a EU tem tanta carência?
Durante os primeiros anos do eLearning
(2009), o erro que mais acentuadamente se cometeu foi o da ilusão e poder
encantório das tecnologias. Ela substituia-se à pedagogia e até a sublimava!
Hoje não há quem afirme que os contextos e conteúdos da aprendizagem são o bem
mais precioso a ser cuidado. E o papel do professor/formador é insubstítuível.
Aqui chegados, a dúvida cresce e o enigma que temos adiante com o advento dos
MOOCs, vai ou não mostrar se há um substituto.
Em Portugal evoluiu-se muito na
Educação/Formação e em muito pouco tempo, graças a muita gente muito bem
qualificada e sabendo fazer bem e com muita gente jovem, ainda melhor. Mas o
País ainda não deixou a cauda da EU 28 neste capítulo. Esteja-se ciente disso.
Em especial a sua classe de dirigentes empresarias continua a ter um nível
muito abaixo dos restantes europeus (55% dos empresários teem menos que o 9º
ano de escolaridade).
Há muito para caminhar em Formação. O que
não deve é repetir-se a fórmula que se vem mostrando incapaz de resolver.
O novo modelo de formação está aí: "o formando é o elemento central do processo
de aprendizagem e desempenha um papel determinante na utilização dos métodos de
aprendizagem e na sua auto-aprendizagem. Ele aprende a partir da resolução de
problemas, formula hipóteses, deduz e encontra uma solução. Escolhe o seu
percurso de aprendizagem com vista ao seu desenvolvimento pessoal e
profissional". (Sousa & Costa, 2014 Formação ou Aprendizagem? Mudança
de Paradigma. Novas Edições Académicas).
De acordo com a previsão de
futuras necessidades de competências na Europa até 2020, (Cedefop,
fevereiro 2010), haverá 15,6 milhões de novos empregos na UE para
licenciados e 3,7 milhões de novos empregos para os graduados de nível
secundário. Em contrapartida, haverá um declínio de 12 milhões de postos de
trabalho para aqueles com nenhuma ou baixa qualificação.
As disrupções provocadas
pelas funcionalidades digitais criaram uma nova cultura de oferta de
aprendizagem, o que significa que muitas das nossas formas de preparar a
Formação já não são aplicáveis.
A acumulação de dados (muita ...muita informação) continua a crescer…
A Aprendizagem ao Longo da Vida (Long Life Learning)… é aceite. Os professores e formadores (?) estão a envelhecer… Vai aumentar a força de trabalho com qualificação média e alta… Os formandos irão cada vez mais ser orientados por "professores
virtuais"….
As organizações tendem a mudar a
aprendizagem na sua empresa para um “front line learning”. Aquele local onde as
suas pessoas pensam, reflectem, e abordam a mudança a empreender, fazendo. É
muitas vezes mais poderosa de que a sala de aula.
FOCAR NA LINHA DA FRENTE
DA APRENDIZAGEM…ONDE A BATALHA REAL ACONTECE! (LIVRO: Projetos de e-Learning - Inovação,
Implementação e Gestão: 2014)
O Papel
da Tecnologia
A
comissão europeia já iniciou a navegação rumo ao novo paradigma? Formalmente
sim, com o seu portal Open Education Europa
que veio susbtituir o histórico elearningeuropa.info.
Apesar do entusiasmo coletivo sobre as
oportunidades oferecidas pelas tecnologias para a educação/formação, várias
questões-chave ainda estão pendentes.
Investir na
modernização dos sistemas educativos em termos de equipamentos, mas também da
formação dos educadores/formadores? As tecnologias realmente apoiam e
sustentam uma mudança cultural no modo como ensinamos e aprendemos na Europa
? Como certificar e tornar mais acessível oportunidades de aprendizagem e
padrões de qualidade? Como implementar uma abordagem abrangente, cobrindo
todos os setores e níveis de educação e formação ? E que contributo trazem
para o diálogo intergeracional? E para o acesso à Formação por um cada maoir
número de pessoas? |
Em que ferramentas podemos
investir para permitir acesso a pedido, de acordo com a necessidade imediata
ou prolongada de aprendizagem de competências? |
Introduzir estas ferramentas no circuito de forma a dar mais
sentido à aprendizagem em contexto de trabalho e a alterar a função Formação e
Treino já não é questionável. Ou ainda é?
A informação mais recente sobre
este assunto e sustentada está em: Report McKinsey Global Institute Disruptive
technologies: Advances that will transform life, business, and the global
economy May 2013| byJames Manyika,
Michael Chui, Jacques Bughin, Richard Dobbs, Peter Bisson, and Alex Marrs |
E os
estudos e investigação sobre Formação o que nos aportam?
A propósito –
não invente a roda – acompanhe a evolução do que acontece na Europa em
termos de Educação/Formação/ALV seguindo O European
Online Education and Training Monitor.
Destina-se a a
examinar de forma sistemática, a evolução dos sistemas de
Educação/Formação/Aprendizagem ao Longo da Vida europeus por referenciação a
diversos benchmarks e indicadores em 28 dos Países da UE. |
…
.
Segundo
Xavier Prats Monné (DG da DGAE da CE) no
European Journal of Education,Vol.
50, No. 1, 2015 em What Is Learning For? The
Promise of a Better Future ele escreve “This transformation will continue. Most importantly, in my view,
learning will have to be far more collaborative and far less
discipline-specific than it is today”. E mais adiante “But the fact is that Europe needs to do more. Today, generally
speaking, we Europeans remain reluctant to recognise in practice that what
people learn outside formal education has value and we lack adequate tools to
validate it.”
Impulsionar a cooperação
europeia – aplicação do novo quadro estratégico e das qualificações (EQF -
2018) Competências essenciais para
todos através da aprendizagem ao longo da vida Ampliar a abordagem de
parceria/aliança.
Tendências ou cenários: quem sabe?
Três
tendências gerais emergem que vão caracterizar futuras estratégias de
aprendizagem ao longo da vida (JRC/ipts, 2009) na Europa dos 28: Colaboração -
Personalização e informalização. Uma das principais conclusões, destacada por
unanimidade pelos especialistas e interessados consultados, foi que, no futuro,
será comum para todos os cidadãos – estejam eles no início ou no fim da sua
carreira, sejam eles altamente qualificados ou não tendo quaisquer
qualificações relevantes, a continuidade em atualizar as suas competências.
O relatório The Future of Learning: Preparing for Change
(jrc/ipts/novembro 2011) identifica os fatores-chave para a mudança que emergem na
interface das visões pintadas por diferentes grupos de interesse e organiza-as
numa visão descritiva do futuro da aprendizagem europeia em 2020-2030. São
eles:
Aprendizagem ao longo da vida (áreas prioritárias de
atenção)
Personalização
• Tornar a aprendizagem ao longo da vida uma realidade
• Orientação e apoio personalizado
• Flexibilidade individual e auto-responsibilidade.
Colaboração
• Melhoria da antecipação e uma colaboração mais estreita entre educação e indústria
• Maior responsabilidade das entidades formadoras
• Maior responsabilidade das empresas pela formação
Informalidade (aprendizagem informal)
• Validação das competências adquiridas informalmente
• Promover a troca de conhecimento informal
• Formação e reconhecimento de formadores
Tendências em Educação a Distância
Numa análise de conteúdo de Revistas de 2009-2013 (Bozkurt, Akgun-Ozbek, Yilmaz,
Erdogan, Ucar, Guler, Sezgin, Karadeniz, Sen-Ersoy, Goksel-Canbek, Dincer, Ari,
e Aydin)
Este estudo pretende explorar as tendências atuais no campo da
investigação em educação/formação a distância durante o período de 2009-2013.
As tendências foram identificados por uma extensa revisão de sete revistas
científicas académicas: The American Journal of Educação a Distância
(Ajde), Educação a Distância (DE), The European Journal of Open, Distância e
e-Learning (EURODL), The Journal of Distance Educação (JDE), The Journal of
online Learning e Tecnologia (JOLT), Open Learning: The Journal of Open,
Distância e e-Learning (OL) e A Revista Internacional de Pesquisa em Abrir e
Distributed Learning (IRRODL). Um total de 861 artigos foram objeto do
estudo. |
Dali
se infere que:
Os
Recursos Educacionais Abertos (OERs) e o mobile learning são novos temas
ao longo dos últimos cinco anos, embora
os investigadores também deparassem com temas mais antigos, como a
aprendizagem colaborativa e a formação de professores.
A análise das áreas de
pesquisa retrata que a tecnologia educacional de nível médio, a interação e a
comunicação em comunidades de aprendizagem, caraterísticas dos aprendentes, e o
design instrucional dos níveis micro são as áreas mais estudadas e constituem
51% de todos as quinze áreas de pesquisa.
O advento dos Moocs
A
grande estrela da atualidade são os recursos
educativos abertos ocupando os MOOC- Massive
Open Online Courses (A Aprender Magazine
dedicou-lhes o primeiro número da sua edição-fevereiro 2015)
Se o leitor
tiver curiosidade, confirma que Portugal já está a ficar para trás nesta
batalha. (ou em linguagem futebolistica, já estamos a dar dois anos de
avanço...).
Jogos
Digitais para Competências
os Jogos sempre estiveram
presentes na aprendizagem do ser humano e deram-lhe alguns dos seus melhores
momentos na vida.
Hoje em dia também assim
é.!
Agora, entram pela porta
dentro das nossas empresas/escolas/centros de formação e estão no nosso bolso à
distância de um click. São um recurso formidável para explorar a capacidade de
conexão e de cooperação nos locais de trabalho e um instrumento forte para a
competitividade. Em especial quando aparecem aliados à sua magnifica aliada que
é o gaming que exerce um
crescente valor de agregação e motivação das pessoas para aprender e ganharem
novas competências.
Os
jogos (e o gaming) são mais uma ferramenta que se pode usar na
aprendizagem. É a reflexão e o debriefing que se realizam, que vão permitir a
ativação e consciencialização do que se aprende a jogar e a transposição dessas
aprendizagens para o dia a dia, com o consequente impato no desenvolvimento das
competências.
Enfim, Portugal está ainda
no começo da sua introdução na Formação. Ver sobre este assunto o Manual que a
APG editou em finais de 2013 (também em Língua Portuguesa).
Mas, Primeiro que tudo é
importante convencer as empresas que não é jogar, mas sim ganhar competências.!
Como escreve Morgado, Leonel. 2009.
em "Os mundos virtuais e o ensino-aprendizagem de procedimentos",
Educação & Cultura Contemporânea 6, 13: 35 - 48. : |
"o
potencial para maior impacte das tecnologias actuais de mundos virtuais no
ensino-aprendizagem de procedimentos: a disponibilização a qualquer
utilizador de ferramentas de produção de conteúdo tridimensional e de efeitos
diversos (gestos, reacções, comportamentos automáticos, etc.) permite que
sejam criadas e testadas novas situações de forma relativamente rápida.
Embora obviamente nem tudo seja passível de simulação rápida, em muitas situações
tal é possível: a criação de uma nova configuração para um restaurante, para
experimentar a consequência disso na acção dos funcionários, ou a
reorganização de produtos num armazém, para experimentar o impacte na equipa
de atendimento, são exemplos de alterações que podem ser efectuadas
rapidamente. O único factor que não é simples de provocar rapidamente nestes
dois casos é o comporta mento dos clientes – mas dado que as plataformas
técnicas são multi-utilizador, é possível planear situações de jogos de
papéis (role playing) em que parte dos formandos actue como cliente, parte
como membro das equipas de atendimento ou de coordenação , para realmente
experienciar uma nova simulação rapidamente. " |
E
o Desafio: Certificar as
aprendizagens realizadas através destas novas formas de Formação emergentes.
Hoje em dia está na agenda
das discussões e grupos de trabalho ou de pesquisa a problemática das
certificações, validações, creditações das aprendizagens informais e não
formais. A reforma da Formação Profissional em Portugal quase se completa (em
relação ao normativo de 2007), com as recentes portarias de mudança na
Certificação de Entidades Formadoras, nas alterações sobre o Formador de
Formadores e nos registos de formação certificada que conduzem à caderneta
individual de competências.
Nos próximos 3 anos vão
emergir projetos (em redes e parcerias) que apoiarão a pesquisa e a
investigação neste campo e fortalecerão o quadro europeu de referenciais de
validação das aprendizagens informais e não formais.
A CE estabeleceu como meta
ter o EQF - european qulaifications framework pronto em 2018.
O
VALOR DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO E DO ROI
“ROI is what you get for your Money, divided by
what you spent to get it” (CROSS, 2009).
Nesta
Era do conhecimento, as coisas que não são visíveis são de maior valor
acrescentado do que as observáveis. (Thomas Stewart. “the wealth of
knowledge”). De tal forma que, nos nossos dias, o valor dos intangíveis
(como uma Marca, uma Ideia, uma Inovação) pode representar mais de 80% do
valor, no índice respectivo das 500 empresas mundiais.
Alguns
intangíveis que estão lá, mas não contam na contabilidade - pessoas
qualificadas e competentes; patentes e “know-how”; carteira de clientes; marca;
cadeia de processos e design etc., são importantes aspectos do negócio que não
são reconhecidos nos balanços financeiros e não são contabilizados no ROI.
A ética e a deontologia na Formação
O uso de tecnologias na Formação
encontra vários assuntos regulatórios e éticos. No trabalho Learning and teaching technology options Study March 2015 os autores
identificam quatro áreas principais com implicações legais e éticas que
devem ser levadas em conta ao decidir sobre opções políticas: - segurança
cibernética e de privacidade, direitos de propriedade intelectual, padronização
e interoperabilidade, e o reconhecimento da aprendizagem informal e novas
competências. São áreas de intrínseco valor para a Formação!
A
POSSÍVEL SOLUÇÃO DO DESIDERATO
A
Aprendizagem ao Longo da Vida é agora um caminho prometedor para promover o
crescimento e o fortalecimento do conhecimento e, para tal, o País deve
convergir com os esforços europeus no sentido de uma Visão para as novas formas
de aprender com recurso às aprendizagens sustentadas em tecnologia, formais,
informais e não formais.
Aqui não existe uma altura certa para
partilhar conhecimento com
professores ou colegas, qualquer sítio serve e essa partilha surge naturalmente
desde que nos interessemos.
Ricardo Costa–
aluno de Erasmus na Holanda em 2008
É minha
convicção que, através da utilização de metodologias de distribuição adequada
de saberes e conhecimento ( a que se junta a cultura e a língua
portuguesa) é possível alcançar novas
facetas da competitividade, criando novos produtos e potenciando novos
negócios, em especial os que resultem em bens transacionáveis sendo que o Conhecimento
e a Cultura estão a ser descobertos como sendo, eles próprios, uma fonte de
receita de exportação.
Não mais se recorrendo à formação maciça em sala, que se mostra
incapaz de dar resposta às necessidades de tempo e de forma. Mas antes através
de tecnologia, da conetividade e da aprendizagem em contexto de trabalho
(informal), combinando diversas metodologias, tais como: GBL-Game Base
Learning; WBL – Work Base Learning (simulações); Gaming (gamify your own
elearning platform); campos virtuais; realidade aumentada.
O novo modelo de formação deve
caracterizar-se "pela construção de uma nova configuração de aprendizagem
que integra novos espaços de conhecimentos, onde o conhecimento não está
centrado no formador e nem no espaço físico, mas é visto como processo em
permanente de transição, progressivamente construído". (Sousa & Costa,
2014)
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Etelberto Costa,
Lisboa, 22 de abril de 2015
VP da EUCIS//APG
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