Fórum Futurália “Qualificações e emprego: o que (vou) fazer no digital?” -2º Painel - Qualificação e Inovação- Dia 04 de Abril de 2019 PT Meeting Centre – Feira Internacional de Lisboa
Fórum Futurália
“Qualificações e emprego: o que (vou) fazer no digital?”
Dia 04 de Abril de 2019
PT Meeting
Centre – Feira Internacional de Lisboa
15h40- 16H35
2º Painel - Qualificação e Inovação
ü
Aprender: um desígnio económico e social
ü
A pedagogia e o digital
Apresentador Temático: Carla Morais, Universidade do Porto
Moderador:
Etelberto Lopes da Costa,
Oradores:
·
Paula Ochoa, Universidade Nova de Lisboa, FCSH - http://fcsh.unl.pt/faculdade/docentes/paulatelo
·
Jorge Teixeira, Agrupamento de Escolas Dr. Júlio
Dinis - https://blogue.rbe.mec.pt/professor-jose-jorge-teixeira-vencedor-2172117
·
Pedro Bem-Haja, Universidade de Aveiro - http://cintesis.eu/pt/pedro_bem_haja/
Apresentadora temática:
1.
Pretende-se que em 5 a 8
minutos faça uma intervenção estruturada pautando as questões essenciais
para a temática e sempre focando na vertigem fundamental do papel da
E&F&A. Os trabalhos recentes do Fórum Future of Learning devem
ser relevados.
2.
Deve deixar 2 a 3 perguntas para os
restantes colegas oradores procurarem responder.
3.
Pode usar imagens, fotos para ilustrar a sua apresentação.
4.
O tempo não pode ser excedido.
5.
Prevê uma participação de 200 pessoas.
Pontos-chave da minha intervenção:
Qualificação e Inovação
Aprender: um desígnio económico e social
e digital
Recentemente a Comissão Europeia (Direcção-Geral da Educação,
Juventude, Desporto e Cultura) constituiu um grupo com 18 especialistas
internacionais visando preparar a sucessão do atual quadro estratégico europeu
de cooperação em matéria de educação e formação. O trabalho centrou-se em seis
blocos temáticos, a saber: Desafios
demográficos; Inclusão e Cidadania; Mudança tecnológica e futuro do trabalho;
Digitalização da sociedade; Desafios ambientais e Investimento, reformas e
governança.
Porque me parecem muito oportunas as reflexões que neste âmbito
tiveram lugar e, essencialmente, porque muito se coadunam com o tema do nosso
painel, partilharei algumas dessas ideias convosco, começando
por atender ao primeiro ponto que nos foi proposto: Aprender: um desígnio económico e social.
A população da Europa está a
tornar-se mais diversificada social e culturalmente, o que, juntamente com as
crescentes tendências de desigualdade socioeconómica, terá um efeito profundo
no futuro da educação e da formação a todos os níveis.
O objetivo educativo da
cidadania na Europa compreende a participação na sociedade civil, na vida
comunitária e/ou política, caracterizada pelo respeito mútuo e pela
não-violência. Tendo em conta os direitos humanos e a democracia, o Conselho da
União Europeia definiu a competência da cidadania como uma das oito
competências essenciais para o desenvolvimento futuro dos sistemas educativos
europeus. Para responder aos desafios e oportunidades decorrentes destes
desenvolvimentos, é importante ter uma visão holística da inclusão, englobando
a inclusão para a diversidade, os aspetos sociais, económicos e o papel de uma
educação para a cidadania baseada em valores comuns, democracia e estado de
direito.
Como facilmente se reconhece
os espaços de aprendizagem estão a mudar e isso influencia as tendências da
educação, não apenas em termos de disponibilidade de recursos técnicos e de
conectividade, mas também na forma como os ambientes de aprendizagem são
construídos e integrados nas suas comunidades envolventes. Abordagens
diferenciadas podem ser necessárias; por exemplo, no caso de migrantes, pessoas
que abandonaram a escola precocemente, comunidades de areas rurais ou alunos
com deficiência. O investimento, as reformas e a governação deparam-se cada vez
com uma multiplicidade de desafios. As mudanças devem ser apoiadas por um
processo de garantia de qualidade, no qual também a educação não formal deve
ser reconhecida.
No segundo ponto que nos foi
proposto neste painel - A pedagogia e o
digital - a reflexão, embora ancorada no anteriormente exposto, poderá
agora centrar-se na digitalização, também conhecida como
transformação digital. Recentemente, o Conselho da União
Europeia reconheceu que, juntamente com a literacia e a numeracia, as
competências digitais são cruciais para um maior envolvimento na educação e
formação e para aceder e progredir no mercado de trabalho abrindo oportunidades
mais amplas de carreira e de empreendedorismo visando o desenvolvimento e a
inovação. Embora as competências digitais sejam consideradas competências básicas,
o conceito de digitalização e, por conseguinte, a necessidade das pessoas
possuírem competências digitais abrangem uma série de tecnologias e práticas
com impactos diferentes em diferentes grupos de cidadãos, tanto na vida
profissional como pessoal. As competências digitais básicas são necessárias
para participar, por exemplo, na economia digital, mas competências digitais
mais avançadas são necessárias para moldar as características dessa economia.
Além disso, a fim de usar as tecnologias digitais de forma crítica e eficaz,
será necessário desenvolver competências digitais juntamente com o pensamento
crítico e a consciência dos problemas de segurança cibernética e suas
implicações. No geral, podemos distinguir entre competências promotoras do
estilo de vida digital (por exemplo, usar media social para fins de
entretenimento), competências digitais orientadas para o local de trabalho e
competências digitais para inclusão, o que inclui, por exemplo, a capacidade de
usufruir de serviços digitais na saúde, governo e comércio. O desenvolvimento
de competências digitais deve, por conseguinte, continuar e desenvolver-se ao
longo da vida: as competências desenvolvidas na escola devem ser desenvolvidas
de forma consistente para garantir que os indivíduos possam responder às
necessidades em mudança e ao desenvolvimento de práticas digitais ao longo da
vida.
A integração das competências
digitais na educação e formação deve implicar uma cooperação estreita com os
parceiros sociais e os serviços de emprego para adaptar essas competências às
necessidades do mercado de trabalho. Assim, procurarei referir algumas das
potenciais relações entre: i) as competências digitais e as práticas de ensino
e ii) as competências digitais e a sua relação com a empregabilidade, centrando
mais neste último ponto.
i) As
competências digitais e as práticas de ensino
As ferramentas digitais podem
potenciar a aprendizagem autoguiada e interativa o que, por sua vez, pode ter
um efeito profundo na dinâmica da sala de aula. No entanto, essas mudanças
aumentam a necessidade de apoiar os professores, por exemplo, no
desenvolvimento das suas próprias competências digitais, na descoberta de como
as tecnologias digitais podem ser aliadas na potenciação das suas práticas
pedagógicas. Transferir o conteúdo existente para o formato digital não é
suficiente. No entanto, os esforços para harmonizar o digital e o dito tradicional ainda permaneceram
amplamente fragmentados.
ii) As competências digitais e
a sua relação com a empregabilidade
O desenvolvimento de
competências digitais também tem consequências para a empregabilidade.
A digitalização está a alterar os tipos de trabalhos disponíveis, bem como o
conjunto de competências necessárias para os trabalhos existentes. Estima-se
que cerca de 43% dos trabalhadores adultos no mercado de trabalho da UE tenham
vivenciado mudanças tecnológicas no seu local de trabalho nos últimos cinco
anos, e 14% dos postos de trabalho enfrentam um risco muito elevado de
automação. Um estudo da Eurostat[1], publicado em dezembro de 2018, mostra que as
tarefas de 16% dos utilizadores da Internet empregados na UE mudaram devido a
novos softwares ou equipamentos informatizados nos 12 meses anteriores à
pesquisa, e 29% tiveram que aprender como usar um novo software ou equipamento.
Além disso, 9% dos entrevistados admitiram que precisavam de mais formação no
uso de computadores, software ou aplicativos.
Um desafio da digitalização, em
geral, e da tecnologia disruptiva, em particular, está, portanto, ligado à
destruição de empregos em alguns setores e à criação de empregos em setores
como as TIC, o que tem implicações para o sistema educacional e para a
orientação profissional. Por exemplo, o número de profissionais a trabalhar na
área das TIC na UE aumentou cerca de 36% de 2007 a 2017, mais de 10 vezes o
aumento (3,2%) do emprego total[2]. Portanto, o sistema educacional tem um papel a
desempenhar para ajudar os que estão em risco devido à automação a passar para
empregos de maior valor e qualidade.
A tecnologia pode ter um impacto
significativo no próprio conceito de uma carreira,
uma vez que as carreiras estão a tornar-se cada vez mais multidirecionais, por
exemplo, à medida que os indivíduos mudam de emprego com mais frequência e
desenvolvem novas competências em resposta aos desenvolvimentos tecnológicos.
Os sistemas de educação e formação
devem, por conseguinte, apoiar o desenvolvimento de um quadro que descreva as
competências de que os cidadãos necessitam para gerir eficazmente as suas
escolhas de aprendizagem e de carreira a fim de incentivar uma cultura de
melhoria de qualificações ao longo da vida de um indivíduo. O ensino e o
desenvolvimento de competências de gestão de carreira podem ter lugar nos
contextos de educação formal e de formação, quer como programas de educação
especializada, quer como competências transversais ao currículo.
Urge capacitar os sistemas para
antecipar os efeitos das mudanças que estão a acorrer não só na educação e
formação, mas também no mercado de trabalho. Tal poderá acorrer por via da
colaboração entre todos os atores que trabalham no terreno onde estas mudanças
estão a ocorrer, estimulando a criatividade e espírito empreendedor.
Perguntas para os restantes colegas oradores:
1.
Perante
uma população cada vez mais diversificada social, cultural e economicamente
como podem os sistemas de Educação e Formação capacitar-se para
responder às exigências do digital? E, que mudanças terão porventura que
operar?
2.
Será que a utilização crescente de auxiliares em interação cognitiva, nomeadamente
com o machine learning e o deep
learning, colocam novas exigências e novas abordagens no ensino e na
aprendizagem?
3.
A
integração das competências digitais na educação e formação deve implicar uma
cooperação estreita com os parceiros sociais, os serviços de emprego e as
empresas para adaptar essas competências às necessidades do mercado de
trabalho. Estas exigências da revolução digital poderão ser vistas
como uma:
a.
oportunidade para superar a
“compartimentação disciplinar” e as “grelhas curriculares” convencionais ainda prevalecentes?
E como operar estas mudanças?
b.
forma de equacionar o papel da
“inovação aberta” no empreendedorismo e na competitividade das Empresas? E, o
que poderão fazer as empresas, os centros de saber e as políticas públicas?
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