Enfrentar o monstro (futurália - fevereiro 2016)

 



Enfrentar o monstro

O Monitor 2015 da Comissão Europeia (The Education and Training Monitor da Comissão Europeia dá conta anualmente da evolução dos sistemas de ensino e formação na Europa através de um relatório que reúne elementos fatcuais). PORTUGAL reduziu significativamente a sua taxa de abandono escolar precoce e a realização no ensino superior tem melhorado muito. Estes valores desafiam o País a ir mais longe e de forma mais acelerada já que a distância para a média europeia continua distante.

A situação é muito preocupante na participação de adultos  na aprendizagem ao longo da vida. Ela tem vindo a diminuir, passando de 10,5 % em  2012 para 9,3 %, em 2014, contra uma média de 10,7 % na UE, em 2014. Neste índice o ET 2020 benchmark indica: em 2020, uma média de pelo menos 15% dos adultos devem participar na educação ou formação formal ou não-formal.  Preocupante! 
A Comissão Europeia (CE)  propôs-se recentemente (2015) reforçar a cooperação em matéria de educação e formação (E&F)  até 2020. No projeto de relatório conjunto com os Estados-Membros, a CE defende sistemas de E&F o europeus mais inclusivos do ponto de vista social, enquanto parte dos esforços mais vastos para dar resposta à radicalização subsequente aos ataques ocorridos nos inícios de 2015, em Paris e Copenhaga e repetidos em setembro de novo em Paris, entre muitos outros.
A E&F passa pela primeira vez para a linha da frente no combate a este ataque aos valores e à cidadania europeia e são definidas seis novas prioridades. A Aprendizagem ao Longo da Vida-ALV volta à ribalta! 

Segundo o Centro de Investigação sobre a Educação e a Aprendizagem ao Longo da Vida(CRELL), Portugal no Adult participation in learning tinha em 2014 atingido um percentual total de 9.3 e a tendência é para baixar (-2.2). OS Best EU Performers from nest período : Denmark, Sweden, Finland e os Most Progress 2011-2014: France, Sweden, Italy

O Levantamento de competências dos adultos da OCDE
(OECD's
Survey of Adult Skills (PIAAC) em 2013 mostra que, um em cada quatro adultos na Europa, é capturado na armadilha de baixa qualificação para acesso
ao mercado de trabalho e que, simultaneamente fecha as portas
A promover a sua E&F.

A ANQEP criou Os Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional (dando fim aos CNO's) mas não há resultados, dada a sua tardia e demorada entrada em funcionamento. A ANQEP desenvolveu um novo instrumento (Sistema de Antecipação de Necessidades de Qualificações) destinado a prever as qualificações e as competências necessárias à economia do país, a fim de poder adaptar melhor a oferta de ensino e formação profissionais ao mercado de trabalho. Que vai acontecer?

A PORDATA é hoje um enorme reforço para os decisores de politicas públicas em E&F e também uma ferramenta essencial para os agentes do conhecimento.

No seu recente Título: Retrato de Portugal na Europa PORDATA, Edição 2015 (1a Edição: Junho de 2015 / Dados publicados a 20 Maio 2015) pode ler-se que a População residente, entre os 25 e os 64 anos, que tem pelo menos o ensino secundário é de apenas 42,6 % contra 75,8 % UE 28 (Portugal tem apenas Malta atrás de si!. Este dado,  sim, já nos envorgonha). Mas sendo um índice muito negativo ele está a infuenciar a Produtividade e o Crescimento do País?

O Program do XXI Governo constitucional indica que se pretende:

  • Criar um Programa de Educação e Formação de Adultos que consolide um sistema de aprendizagem ao longo da vida e a sua ação estratégica para a próxima década.

E também

  • Revitalizar a educação e formação de adultos enquanto pilar central do sistema de qualificações, assegurando a continuidade das políticas de aprendizagem ao longo da vida e a permanente melhoria da qualidade dos processos e resultados de aprendizagem, que procure.....etc, etc.

Salvo erro é a primeira vez que um Programa de Governo assume na plenitude este objetivo e o coloca como crucial. Em todos os anteriores a Educação esteve sempre nas “bocas dos primeiros ministros como prioritária” mas, na prática os resultados são aqueles e o País tem acompanhado a tendência é de descida dos orçamentos da educação nos Países Europeus.

Defrontar o monstro

Portugal tem competência e muita capacidade instalada nos seus sistemas de E&F e, em especial, o seu sistema de certificação e reconhecimento de competências informais e não formais, o seu catálogo de qualificações (Na nota informativa de fevereiro de 2016 do Cedefop sobre os QUADROS DE QUALIFICAÇÕES NA EUROPA(QNQ), estão desenhados 5 desafios para se desenvolver e Portugal aparece ali bem posicionado) , o sistema de qualidade e certificação de entidades formadoras e de normas portuguesas de certificação da qualidade da formação, as boas práticas e a já grande experiência internacional em projetos europeus nomeadamente os de inovação e de parcerias, a oferta do sistema público e privado de formação e qualificação, enfim.

Os profissionais do setor (agentes e lideres da aprendizagem como prefiro designar) são de elevado gabarito e produzem resultados de muito valor. Mas, muitos continuam ausentes dos processos de atualização de saberes e competências e a oferta de formação continua não serve propósitos de inovação e de maior exigência e rigor de competência final.

É certo que vivemos uma ambiguidade parodoxal.

Sendo estes públicos early adopters em tecnologia e inovação na formação a nível mundial, Portugal tem sido daqueles Países onde menos efeitos positivos se registam resultantes da utilização das tecnolgias nos processos de aprendizagem e de qualificações. Foi assim com o eLearning e está a ser assim com os jogos digitais, com a gamificação e as redes sociais e colaborativas e também os recursos educativos abertos.

As PME continuam sem uma solução capaz de as servir e de as libertar desse “incómodo” de ter que “dar formação” de 35 horas anuais aos colaboradores. Escrevo sem rebuço porque é hoje claro que a formação que é ministrada, servido-se dos fundos europeus não serviu o País e as suas PME. Há exceções? Sim, claro, mas também se conhecem as razões e os cenários. É preciso ser capaz de mudar e defrontar o monstro servido-nos das ferramentas que hoje estão ao nosso alcance nos Portais de recursos abertos que permitem aprendizagens informais e não formais que possam ser objeto de certificações e reconhecimento Simplex (sem receios e com elevado rigor). Na Revista Futurália 2020: competir na economia do conhecimento propõem-se seis eixos de intervenção para

“ Afirmar a soberania do conhecimento através do desenvolvimento de uma plataforma de intervenção de elevado desempenho para fomentar a reflexão e a cooperação estratégica entre os centros de saber

(sistemas de educação, formação, ciência e tecnologia), as empresas e o Estado e as suas instituições autónomas, a fim de capitalizar o conhecimento nas suas diferentes manifestações, domínios de aplicação e instrumentos e tecnologias de suporte.”

Vencer o monstro

Há solução para tudo? Pelo menos para esta há: - retomar o caminho da concertação e da mobilização de Pessoas e Recursos para se criar uma Visão Nacional para a ALV ( no sentido de aprender desde o “Berço até ao Tumulo” ).

Se temos todo aquele potencial de ferramentas e “armamento” para defrontar o monstro, para o vencer é preciso fazer o mais difícil: o alinhamento estratégico, colocando no terreno uma intenção determinada e perseverante de cooperação e coordenação eficiente de recursos, de Pessoas e de Instituições permitindo o acesso livre a conteúdos formativos que permitam chegar a competências observáveis e mensurávies.

A Futurália 2016 e o seu Conselho Estratégico estão nesse caminho fazendo um apelo à junção de esforços e à colaboração para que as “coisas boas” que fazemos se tornem em Futuro e permitam à nossa Juventude sonhar com o seu amanhã e, ao País do hoje, inspirar-se em modelos atrevidos que permitam alcançar patamares elevados de competitividade através da economia do Conhecimento.

Lisboa, 08 de fevereiro de 2016

Etelberto Costa

membro do CE da Futurália

VP da APG



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